quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Modelo Desenvolvimentista Brasileiro e seus Impactos Socioambientais



O Brasil é um país que possui uma megabiodiversidade com expressiva parcela ainda desconhecida. Nossos ecossistemas brasileiros e nossas riquezas naturais são vitais à população brasileira e ao país, destacando-se a Amazônia como uma grande sistema que desempenha papel chave na regulação do clima sul-americano, inclusive planetário.
 
Enquanto nossas desigualdades sociais são as maiores entre os países, o modelo econômico e político vigente permite que empresas, em sua maioria multinacionais, se apoderem de nosso solo, água, biodiversidade e minerais. Prioriza-se um modelo colonial exportador decommodities que vem crescentemente degradando a natureza e as condições de vida e os direitos principalmente dos mais pobres. 
 
Este modelo de insustentabilidade, inerente ao capitalismo, teve uma fase de destaque há cerca de 50 anos, após o golpe militar. Agora se aprofunda em uma fase globalizante de hegemonia do capital financeiro e de megacorporações transnacionais. Impera a obsessão pelo crescimento econômico, pelo consumismo e produtivismo. Um modelo que faz questão de não reconhecer a finitude dos recursos naturais e também que qualquer forma de sustentabilidade não pode coexistir com a lógica de acumulação.
 
Paradoxalmente, uma década após a discussão de “Um Outro Mundo é Possível”, o Brasil acabou por tornar-se uma engrenagem estratégica no funcionamento desse modelo, ressurgindo a sua condição histórica de exportador de matérias primas. Emergem, de forma inusitada e avassaladora, o império da soja, do agronegócio e da exploração de minerais, dos megaempreendimentos e dos megaeventos, e com predomínio de recursos anabolizantes do BNDES. As campanhas eleitorais, por sua vez, fazem retornar a políticos e partidos parte das verbas utilizadas dessas grandes atividades perversamente impactantes, encobertos por grandes oligopólios de comunicação associados a este esquema.
 
A crise civilizatória está na mesa. Na conjuntura atual, de inquietação crescente, que teve um dos ápices nas manifestações de rua nas grandes capitais do Brasil, em junho de 2013, faz-se necessário e urgente que se levantem mais e mais estas questões, buscando-se caminhos para o restabelecimento dos movimentos e da construção de outros modelos, que priorizem a Vida.
 
Mogdema – Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente
 
Debate com Frei Betto:
 
Dia 24 de abril de 2014, às 18 h 30 min
Local: Auditório da Faculdade de Direito da Ufrgs,
Av. João Pessoa n. 80, Porto Alegre-RS
 
Entrada franca por ordem de chegada.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

 
Após a euforia, o silêncio da noite.
A loucura do SERVIR, mesmo que não queiram tomar parte.
PARTILHAR, do que não se tem. Dar tudo e ser feliz.
Se ENTREGAR pelo bem-comum, ser no outro.
LAVAR com água- santa e sentir o perfume da MEMÓRIA.
FAZER em memória, em memória de mim, de ti, de todos...
Esperando a madrugada...




O reencontro de Jesus com Maria Madalena: buscar sempre, sem desanimar (Jo 20,11-18) [Mesters, Lopes e Orofino]


O capítulo 20 do Evangelho de João traz alguns episódios que nos transmitem a experiência e a ideia da ressurreição que existia nas comunidades do Discípulo Amado. Eis o conteúdo:

1. Maria Madalena vai ao sepulcro, vê a pedra retirada e chama os apóstolos. O Discípulo Amado e Pedro vão verificar o acontecido. O Discípulo Amado viu e acreditou (Jo 20,1-10).

2. Maria Madalena reencontra Jesus e tem uma experiência de ressurreição (Jo 20,11-18).

3. A experiência de ressurreição da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23).

4. Uma nova experiência comunitária de ressurreição com Tomé (Jo 20,24-29).

5. Conclusão: o objetivo da redação do evangelho é levar as pessoas a crerem em Jesus e, acreditando nele, terem a vida (Jo 20,30-31).

2. Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena, transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.

Comentando

1. João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca

Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz.

Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio. Os anjos perguntam: “Por que você chora?” Resposta: “Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!” Maria Madalena busca o Jesus que tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.

2. João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo

Os discípulos de Emaús viram Jesus, mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: “Por que você chora?” E acrescenta: “A quem está procurando?” Resposta: “Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!” Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. A imagem do Jesus do passado impede que ela reconheça o Jesus vivo, presente na frente dela.

3. João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus

Jesus pronuncia o nome: “Maria!” Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: “Mestre!” Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é de que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela conhecera e amara. Aqui se realiza o que Jesus disse na parábola do Bom Pastor: “Ele as chama pelo nome, e elas conhecem a sua voz.” - “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,3.4.14).

4. João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos

De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: “Não me segure, porque ainda não subi para o Pai!” Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.

Maria Madalena e o discipulado das mulheres

Nos Evangelhos, muitas vezes, Maria Madalena é citada nominalmente: como discípula de Jesus (Lc 8,1-2); como testemunha da sua crucifixão (Mc 15,40-41; Mt 27,55-56; Jo 19,25); como testemunha do seu sepultamento (Mc 15,47; Mt 27,61); como testemunha da sua ressurreição (Mc 16,1-8; Mt 28,1-10; Lc 24,1-10; Jo 20,1.11-18); como enviada aos Onze com uma mensagem de Jesus (Mt 28,10; Jo 20,17-18). Nenhum texto do Evangelho diz que Maria Madalena foi uma pecadora.

Teriam interpretado mal a expressão “Maria Madalena da qual haviam saído sete demônios” (Lc 8,2)? Esta expressão, que aparece somente em Lucas e no apêndice de Marcos (Lc 8,2; Mc 16,9), criou uma série de preconceitos contra Maria Madalena. Mas, para o Evangelho de Lucas, a possessão não significa pecado, e sim doença.

O número 7, sempre simbólico, parece indicar a gravidade da situação. No contexto de Lucas, podemos interpretar que Maria Madalena padecia de uma grave doença nervosa ou psicossomática. No encontro com Jesus, ela recupera a harmonia interior e entra em um processo de crescimento e amadurecimento pessoal até atingir a plenitude do seu ser na experiência pascal.

Encontramos nos quatro evangelhos várias listas com os nomes dos 12 discípulos que seguiam Jesus. Havia também mulheres que o seguiam desde a Galileia até Jerusalém. O Evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém (Mc 15,41). Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de seis destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos: Maria Madalena (Lc 8,3), Joana, mulher de Cuza (Lc 8,3), Suzana (Lc 8,3), Salomé (Mc 15,40), Maria, mãe de Tiago e José (Mc 15,40), e a mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27,56). Em todos estes textos, exceto João 19,25, Maria Madalena é citada em primeiro lugar, indicando sua liderança no grupo de discípulas de Jesus. Há muitas outras mulheres, amigas de Jesus, que são nomeadas nos evangelhos, por exemplo, as duas irmãs Marta e Maria, mas só destas seis se diz que “seguiam a Jesus desde a Galileia” (Mt 27,55-56; Mc 15,41) ou que “o acompanhavam junto aos Doze” (Lc 8,1-3).
Trecho extraído da publicação Raio-X da Vida. Círculos Bíblicos do Evangelho de João.

http://www.cebi.org.br/noticias.php?noticiaId=4800


Fonte: CEBI

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Entrada em Jerusalém O Messias pobre e desarmado (Mateus 21,1-11) [Mester, Lopes e Orofino]





 Mateus 21,1-5: O Messias pobre e desarmado

A cena da entrada de Jesus em Jerusalém revela a sua identidade como Messias pobre e desarmado. Jesus mesmo toma as providências para entrar na cidade montado num jumentinho, o transporte dos pobres daquela época. Ao narrar este episódio, Mateus se inspira na tradição profética. Para dar à cena o sentido do cumprimento da profecia, ele cita literalmente o texto de Zacarias 9,9: “Dizei à Filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti. Ele é manso e está montado num jumento, num jumentinho, cria de um animal de carga!”

Mateus 21,6-7: Acolher Jesus tal como ele se revela e se apresenta


Os discípulos são encarregados de preparar o animal para a entrada de Jesus na cidade. Eles vão e fazem exatamente como Jesus mandou. Por trás desta narração, tem um recado para as comunidades: verdadeiro discípulo é aquele que aceita Jesus do jeito que ele é e quer ser, e não do jeito que elas gostariam que ele fosse. Se Jesus se fez Messias pobre e desarmado, não podem fazer dele um messias glorioso e poderoso.

Mateus 21,8-9: Eles queriam um grande rei

A multidão reage entusiasmada, estendendo seus mantos no chão para Jesus passar, e grita: “Hosana ao Filho de Davi!” Eles reconhecem em Jesus o Messias, o descendente do rei Davi. “Eles queriam um grande rei, que fosse forte e dominador!” Jesus não apreciava muito este título de “Filho de Davi” e chegou a questioná-lo (Mt 22,41-46). Pelo seu jeito de entrar na cidade, sentado num jumentinho, ele dizia que a sua maneira de ser rei era diferente.

Mateus 21,10-11: Quem é este?


A entrada de Jesus em Jerusalém questiona o povo da cidade. Ele fica abalado, agitado e pergunta-se: “Afinal, quem é este que a multidão acolhe como rei messiânico? Por que ele vem como um pobre?”

 
1.            As várias imagens de Messias


A causa do desencontro entre Jesus e o povo tinha a ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande variedade de expectativas. De acordo com as diferentes interpretações das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (Mt 27,11). Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (Mc 1,24). Outros, um Messias Guerrilheiro subversivo (Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros, um Messias Doutor (Jo 4,25). Outros, um Messias Juiz (Lc 3,5-9; Mc 1,8;). Outros, um Messias Profeta (Mt 21,11). Ao que parece, ninguém esperava o Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaías (Is 42,1; 49,3; 52,13). Eles não se lembraram de valorizar a esperança messiânica como serviço do povo de Deus à humanidade. Cada um, conforme os seus próprios interesses e conforme a sua classe social, aguardava o Messias, livrinho na mão, querendo encaixá-lo na sua própria esperança. Por isso, o título Messias, dependendo da pessoa ou da posição social, podia significar coisas bem diferentes. Havia muita mistura de ideias.

2.            Os ramos na festa da entrada de Jesus


Hoje celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém com ramos. A origem desta aclamação vem da Festa das Tendas, que era realizada no outono, depois da colheita (Dt 16,13; Lv 23,34). Ela lembrava o tempo em que o povo israelita fazia sua caminhada pelo deserto (Lv 23,43), morando em tendas. Por isso, durante uma semana, eles recolhiam ramagens e formavam tendas por toda parte (Ne 8,14-17). O povo agitava os ramos e dizia: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. E os sacerdotes respondiam: “Da casa de Javé nós vos abençoamos” (Sl 118,25-27). A Festa das Tendas era um momento de alegria e de louvor, que mantinha a identidade do povo e lhe dava resistência.


Fonte: CEBI

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Contar sobre a ditadura até que a história crave nos ossos dos mais jovens



"Lembrar é fundamental para que não deixemos certas coisas acontecerem novamente. Que o Supremo Tribunal Federal reconsidere e afirme que crimes contra a humanidade, como a tortura, não podem ser anistiados, nunca", escreve Leonardo Sakamoto, em artigo publicado em seu blog, 01-04-2014.

Eis o artigo.

Um aluno me perguntou se eu não achava exagero estar aparecendo tanta coisa sobre o golpe militar de 1964 na mídia. Em sua opinião (“Já deu, né?''), o assunto é chato e ele e seus amigos não aguentam mais esse assunto.

Ainda bem que era só um futuro jornalista. Nada com o qual devemos nos preocupar.

É claro que a história pode ser contada e analisada de uma maneira mais interessante do que é feito hoje, tanto pelas escolas quanto pela mídia. Nisso, podemos melhorar e muito, tornando o aprendizado tão viciante quanto jogar Candy Crush.

Ou se isso não for possível que, pelo menos, crianças e adolescentes sejam levadas a compreender qual a utilidade de se conhecer os caminhos já trilhados pelos que vieram antes deles para não repetir os mesmos erros. Perceber que o mundo não começa com seu nascimento, nem vai se exaurir com a sua morte.

O golpe e a ditadura cívico-militar ainda são temas que não fazem parte de nosso cotidiano em comparação com outros países que viveram realidades semelhantes e que almejam ser democracias. Por aqui, lidamos com o passado como se ele tivesse automaticamente feito as pazes com o presente.

Aliás, deveríamos transformar o dia do golpe militar de 1964 em feriado nacional. Talvez assim possamos garantir que esse dia nunca seja encarado por nós e, principalmente, pelas gerações que virão como um grande Primeiro de Abril, como se o golpe de 1964 nunca tivesse existido.

Cicatriz que não deveria ser escondida mas permanecer como algo incômodo, à vista de todos, funcionando como um lembrete. Não vivemos três décadas de piada, apesar da elite militar e parte da elite econômica do país terem rido muito às custas de quem pedia liberdade e democracia nos Anos de Chumbo.

Pouco me importa o que pensam os verde-oliva da reserva que tomam seu uísque nos Clubes Militares enquanto, saudosos, lançam confetes ao Dia da Revolução (sic). Demonstrações de afeto a um período autoritário são peça de museu, então que fiquem, democraticamente, com quem faz parte do passado.

Mas eles precisam saber – ainda em vida – que, desta vez, a História não vai ficar com a versão dos golpistas. E que o mundo que eles ajudaram a construir, mais cedo ou mais tarde, vai embora com eles. Não por vingança, mas por Justiça.

Em nome de uma suposta estabilidade institucional, o passado não resolvido permanece nos assombrando. Seja através de um olhar perdido da mãe de um amigo que, da janela, permanece a esperar o marido que jaz no fundo do mar, lançado de helicóptero. Seja adotando os métodos desenvolvidos por eles para garantir a ordem e o progresso.

Durante a ditadura, os militares armaram uma farsa para encobrir o assassinato do jornalista Vladimir Herzog. A explicação trazida à público, de suicídio na cela, não convenceu e a morte de Vlado tornou-se símbolo na luta contra o regime. Mas fez escola.

Em São Paulo, um homem de 39 anos foi encontrado enforcado pouco mais de duas horas depois de ter sido preso.

Supostamente, era traficante e transportava cocaína.

Supostamente, teria se enforcado usando um cadarço de sapato.

Questionado por jornalistas se não é praxe da polícia retirar os cadarços de sapatos de presos, um policial afirmou que o acusado usou um pedaço de papelão para arrastar um cadarço que estava fora da cela. Seria cômica se não fosse ofensiva uma justificativa dessas.

Como aqui já disse, o impacto de não resolvermos o nosso passado se faz sentir no dia-a-dia dos distritos policiais, nas salas de interrogatórios, nas periferias das grandes cidades, em manifestações, nos grotões da zona rural, com o Estado aterrorizando ou reprimindo parte da população (normalmente mais pobre) com a anuência da outra parte (quase sempre mais rica). A verdade é que não queremos olhar para o retrovisor não por ele mostrar o que está lá atrás, mas por nos revelar qual a nossa cara hoje.

Lembrar é fundamental para que não deixemos certas coisas acontecerem novamente.

Que o Supremo Tribunal Federal reconsidere e afirme que crimes contra a humanidade, como a tortura, não podem ser anistiados, nunca.

Que a história dos assassinatos sob responsabilidade da ditadura seja conhecida e contada nas escolas até entrar nos ossos e vísceras de nossas crianças e adolescentes a fim de que nunca esqueçam que a liberdade do qual desfrutam não foi de mão beijada.

Mas custou o sangue, a carne e a saudade de muita gente.

Fonte: IHU - Unisinos

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ditadura Nunca Mais: Lembrar para nunca mais acontecer.








"A esperança dos prisioneiros políticos repousa na Igreja, a única instituição brasileira que não esta sobre o controle do estado militar. A sua missão é preservar e promover a dignidade do homem. Onde ha um homem que  sofre, lá sofre o Mestre. Chegou a hora de nossos Bispos dizerem basta a tortura e injustiça do regime, antes que seja tarde de mais. A Igreja não pode calar. Nós carregamos em nossos corpos as provas da tortura. Neste momento o silencio é uma omissão. Só a palavra é um risco, é sobre tudo um testemunho."

 [Frei Tito de Alencar Lima]

 
Ontem  dia 1° de Abril de 2014, foi uma data marcante pra nós Povo brasileiro. É o dia em que "descomemoramos" os 50 anos da instauração da ditadura militar no Brasil. 
E nesse período nos é devido fazer memória das ações das igrejas  Católicas e Protestantes durante os 21 anos de Regime Militar.

O período de vigência do regime militar (1964-1985) representou um dos momentos mais dramáticos da história do país no que se refere ao desrespeito e à violência contra os direitos do cidadão. Depois de assumirem o poder por meio de um golpe de Estado, os militares consolidaram um regime político ditatorial, que reprimiu violentamente os movimentos trabalhistas e os grupos de oposição.



 









Foi nesta conjuntura que a Igreja católica assumiu um papel de destaque na luta contra a repressão e a tortura e na defesa dos direitos humanos, transformando-se na mais importante instituição de oposição à ditadura militar. Foi nessa conjuntura também que pipocaram, em todo o país, pequenas comunidades [CEBs] ligadas principalmente à Igreja católica, que querendo ou não, contribuíram de diferentes maneiras para o processo de democratização. Começavam também a reivindicar pequenas melhorias nos bairros, mas, ao mesmo tempo, iniciavam uma caminhada para tomar consciência da situação social e política. Queriam a transformação da sociedade. As CEBs não tinham como missão "enfrentar" a ditadura militar. A proposta eclesial das CEBs era, em si mesma, incompatível com a doutrina de Segurança Nacional que inspirou a chamada ditadura. Na prática das CEBs, o conflito era inevitável. Elas abriram suas portas para esconder militantes perseguidos pelo regime, organizaram o povo, e sairam as ruas pela democrácia no país.

 

Para ajudar a fazer memória desse periodo seguem abaixo alguns links de artigos e videos sobre o papel das Igrejas durante a Ditadura.





Ditadura militar: O papel da Igreja católica




Um olhar franciscano: 50 anos do Golpe Militar

Golpe Militar. "Erro Histórico", diz CNBB 

CIA financiou Igreja em marchas pró-golpe militar

 Celebração em homenagem à memória de frei Tito

 Acervo de Dom Hélder Câmara também é reflexão sobre ditadura.